O USO DE MICRODOSAGEM DE PSILOCIBINA NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS Claudia Varella Moizinho, Gustavo Amaral Silva, Luciana Lopes Guimarães, Valter Garcia Santos
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Resumo
A psilocibina é um alcaloide encontrado em mais de 200 espécies de fungos, principalmente no gênero Psilocybe. Sua farmacologia ainda não está bem definida, porém sua baixa lipofilicidade pode contribuir para que a psilocibina não atravesse a barreira hematoencefálica. A psilocina (metabólito ativo da psilocibina) reage agonicamente com os receptores de serotonina para produzir um efeito alucinatório devido à hiperfrontalidade frontal induzida, que medeia seus efeitos antidepressivos e ansiolíticos. Os psicodélicos foram muito associados ao movimento “hippie” e à contracultura nos anos 1970; e, graças a essa estigmatização e consequente proibição, quaisquer pesquisas sobre o uso da substância para fins medicinais foram paralisadas. Dos psicodélicos atualmente em estudo, a psilocibina é o que vem demonstrando ter o perfil mais seguro para possível uso e liberação. O objetivo deste trabalho é abordar essa nova possibilidade de tratamento para os transtornos mentais com o uso da psilocibina, possíveis benefícios dessa substância, riscos, seu futuro quanto a liberação no Brasil e seu uso na indústria farmacêutica. O presente trabalho, caracterizado como revisão de literatura, foi feito baseando-se em artigos científicos, revistas online, revistas de pesquisa, matérias feitas sobre o assunto, uso de base de dados Google Acadêmico, Pubmed, Scielo, e em sites relacionados ao tema. Foram utilizados, para a elaboração da pesquisa, dados dos últimos 10 anos (2013-2023), com as seguintes palavras-chave: psilocibina, Psilocybe cubensis, cogumelos, depressão maior, transtornos mentais. Foram consideradas pesquisadas e artigos que abordaram o tema escolhido, de acesso gratuito e textos completos, publicados nos últimos dez anos, com resultados relevantes. No Brasil, a substância ainda parece ter um longo caminho a percorrer para sua liberação e uso; porém, países como Austrália e Estados Unidos já estão reclassificando o uso da psilocibina e modificando leis para sua descriminalização. Para muitos pacientes, os episódios de depressão maior são recorrentes e podem ser difíceis de tratar. Apesar do uso dos psicotrópicos amplamente utilizados e já conhecidos, muitos não conseguem um progresso no tratamento, tendo uma baixa qualidade de vida. Os estudos e a terapia com os psicodélicos foram interrompidos nos anos 1970 por conta da sua proibição, o que fez com que as pesquisas estacionassem quanto ao assunto. A psilocibina possui grande potencial de apresentar bons resultados farmacológicos no tratamento dos transtornos de humor, além de ficar entre os mais seguros dos psicodélicos quando utilizada de forma adequada e com o devido acompanhamento clínico e psiquiátrico. Ainda falta muito para uma conclusão final, apesar dos estudos acerca dessa substância serem crescentes e terem aumentado significativamente com o passar dos anos, ainda não parece ter tido destaque suficiente no campo científico. É preciso testes mais robustos, mais incentivo nas pesquisas cientificas, atualização de leis e regras, pois a legislação brasileira mantém ilegal o uso de praticamente todas as substâncias que estão sendo pesquisadas atualmente. O papel do farmacêutico é muito importante, seja na parte das pesquisas, nas indústrias farmacêuticas, na regulamentação ou na atenção ao paciente, com esse novo cenário surgindo das drogas psicodélicas.