Análise do conteúdo alimentar de tartarugas-verdes (Chelonia mydas) mortas em encalhes na Costa de Peruíbe, litoral Sul de São Paulo.

Q. L. Edris, C. S. Leite, C. S.A. Silva, L. F. Melo, C. Fanelli

Abstract


Das sete espécies de tartarugas marinhas conhecidas na atualidade, cinco ocorrem no litoral brasileiro, sendo a Chelonia mydas, conhecida como tartaruga-verde, a mais comumente observada na região costeira do município de Peruíbe, no litoral sul do estado de São Paulo. Por serem herbívoras, as formas juvenis da Chelonia mydas utilizam as águas tropicais e subtropicais, próximas à região costeira e às ilhas da costa brasileira, como área para seu desenvolvimento e alimentação. Nas últimas décadas, observou-se um aumento significativo da ocupação humana nas regiões costeiras do Brasil, seja impulsionado pelo aumento da exploração turística do litoral, seja em decorrência do crescimento populacional e do desenvolvimento industrial das cidades litorâneas. Dentre as consequências que a ocupação humana desordenada traz para o meio ambiente, podemos mencionar as alterações nas áreas utilizadas pelas tartarugas-verdes para se alimentarem, que passam a apresentar maior quantidade de resíduos sólidos antropogênicos, como detritos plásticos e outros derivados de petróleo. O objetivo do presente estudo foi analisar o conteúdo estomacal e intestinal das tartarugas-verdes encontradas mortas, encalhadas no litoral de Peruíbe, para descrição de seus hábitos alimentares e também a fim de detectar a ingestão de resíduos sólidos inorgânicos, de origem antropogênica, por esses animais. Nossos resultados demonstraram de maneira inédita, a existência de material plástico em abundância no interior do trato digestório de praticamente 70% das tartarugas marinhas coletadas nas praias de Peruíbe, durante o período de 12 meses do estudo, tendo sido esta, a causa da morte de, pelo menos um dos animais analisados. Os resultados deste trabalho demonstram de maneira alarmante os efeitos negativos da interferência do lixo plástico na fauna marinha do município de Peruíbe, e evidencia a necessidade da conscientização da população e da adoção de medidas urgentes a fim de minimizar o impacto do lixo no meio ambiente nesse município.

Palavras chave: Lixo marinho. Tartaruga verde. Poluição

Five of the seven currently known species of sea turtles occur on the Brazilian coast. One of them, the Chelonia mydas, known as the "green turtle", is the most commonly observed specie in the seacoast of Peruíbe, a turistic city located in the South coast of the state of São Paulo, in the Southeast of Brazil. Since juvenile and adult green turtles feed on sea grass and algae, they are usually seen in tropical and subtropical waters, close to Brazilian beaches, islands and rocky shores. In the last decades, there was a significant increase in human occupation of these regions, specially due to tourism exploitation, but also related to industrial development and by the population growth itself. One of the most devastating consequences of human occupation of natural environments is the increase of the amount of anthropogenic solid waste, specially plastic material and other petroleum products. The aim of the present study was to analyze the gastrointestinal contents of dead green turtles, found stranded on the coast of Peruíbe, in order to describe their eating habits and also to detect the ingestion of anthropogenic inorganic solid waste by these animals. Our results demonstrated for the first time that  almost 70% of the green turtles collected in Peruibe and included in this study had large amounts of anthropogenic plastic debris in their gastrointestinal tract. Moreover, at least one of the animals analyzed probably died due the ingested plastic material. Such findings clearly demonstrate the negative effects of  human garbage on the marine fauna of Peruíbe, and highlights the need for population awareness and for the adoption of urgent measures to minimize the impact of litter on the city.

 

Keywords: Marine trash. Green turtle, Pollution.

Full Text: PDF

Refbacks

  • There are currently no refbacks.